terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Formas de conhecer - significado, referente e sentido de forma.

       Falar em "formas" de conhecimento deve nos submeter a diversos referentes. Diante desta diversidade, lembrando superficialmente o que nos legaram certas reflexões de Wittgenstein (http://en.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Wittgenstein), parece-nos conveniente propor algumas regras para o jogo de linguagem deste espaço. Serão em número de quatro, expressando-se à seguir:

       I) Diante do signo "significado" reconheçamos uma realidade complexa, uma teia ou rede de relações infinitas no tempo, já que em constante movimento de operações de ligação e desligamentos. Não é somente possível, mas absolutamente correto e certo, a partir desta regra (e talvez somente aqui), subsituir o conceito, signo ou palavra em questão pela expressão "rede de significações" ou "rede de significados".

       II) Ao termo "referente" não devemos considerar como sendo o númeno kantiano, a coisa em si, ou a ideia platônica perfeita vinculada à coisa que nos faz usar o termo. Referente é realidade fenomênica, passível de ser apreendida pela percepção, seja ela (não nos importa) intelectual (vinculada ao pensamento consciente) ou sensorial (vinculada aos estímulos oriundos dos cinco sentidos fisiológicos). Desta regra, portanto, fica a postura de associar ao referente a realidade manifesta que não é nem signo, nem significado.

       III) Se o significado é uma rede de relações infinitas no tempo, cabe normatizar com o que devemos entender serem feitas estas relações. Pois aqui determinamos ser com os referentes, as manifestações fenomênicas interiores. Disto extraímos que se algum signo ou palavra nos remete a diversos referentes, temos aí a percepção da existência de um significado ("rede de significações") vinculado ao signo em questão.

       IV) Ao termo sentido apreendamos, metaforicamente, da geometria euclidiana e de um de seus elementos, a reta. Dado uma reta de determinada direção, dentre as infinitas possibilidades no espaço, são possíveis dois, e apenas dois, sentidos. Um é diametralmente oposto ao outro. Esta regra nos diz que, se aqui lermos "sentido", devemos nos perguntar e, se possível, responder qual é a direção escolhida e qual é o contrário que carrega consigo.

       Sob estas regras, joguemos com a comunicação. Se assumimos ser a arte, a filosofia e a ciência "formas" de conhecimento da realidade, o que entender por "forma"? Dentre as diversas direções da rede de significados, optamos por referencia-la a um algo que conforma e, esteticamente, contorna e comunica (portanto, não é algo que disforma/desconstrói e, não-esteticamente, descontorna e não comunica).

       Entendemos da forma, aqui portanto, como algo que impõe limites a algo que se pode limitar e que, ao limitar, opera contornos estéticos que comunicam.

       Este blog é um espaço onde a forma da filosofia busca se expressar. É a razão a condutora desta forma e a comunicação, o tornar comum e público, seu objetivo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Filosofia: uma via de conhecimento.

       Conforme a primeira postagem deste blog, este é um espaço de uso público da razão. Um local possibilitado pelos dígitos binários, donde pretendo caminhar em meio aos verbos e à riqueza da linguagem escrita. E isto, enquanto filósofo. Diga-se em melhor tom: caminharei, aqui, com o filósofo que há em mim. 
       Introduzindo-nos nesta empreitada, acho digno e oportuno ressaltar que há alguns anos, eu e um grande amigo, VERGANI MACHADO, D.,  em conversas regadas a café na extinta padaria "Casa do Pão" em nossa interiorana cidade dita de "belos jardins", iniciamos a crença de que existem três formas de conhecimento que se distinguem, em caráter qualitativo, do conhecimento da realidade mais usual ao ser humano, o senso comum. A existência destas formas enquanto seres distintos, consideramos, é assim por possibilitar ao homem uma "diferenciada sensação interna que pode ser associada, verbalmente, à transcendência do singular no abstrato universal" (esta construção em destaque, segundo o camarada de reflexões citado acima, fez-se "clara e complexa"; voltaremos a ela em outros momentos). São elas (as "formas"): a filosofia, a ciência e a arte.
       Já que o propósito desta postagem é introdutório, não me deterei mais sobre este assunto, onde poderíamos refletir, dentre outras tantas especificidades, sobre cada forma, a unidade da sensação que as assemelha ou o duvidoso descolamento do senso comum do conjunto a que nomeamos “conhecimento”. Fica aqui, no entanto, o anúncio de futuras reflexões e ensaios que, como este, pretenderão se fazer, sobremaneira, no que temos entendido por dimensão filosófica do conhecimento.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uso público da razão enquanto Filósofo.

       A proposta deste blog é criar um espaço de exposição pública de produtos objetivos da razão. As palavras de Kant em seu texto "Resposta à pergunta: o que é o esclarecimento?", nesta específica tradução, com partes conscientemente omitidas indicadas pelas reticências entre parênteses, constituem a fonte objetiva que motivou a criação deste espaço.
       Para que tal lugar se desenvolva na direção proposta, julgo coerente propor uma pequena, porém determinante, complementação ao texto de Kant. Esta inclusão foca o termo alemão "Gelehrter", que  pôde ser traduzido como "estudante", mas que também poderia ser admitido como "erudito" (ver: http://www.linguee.com.br/). Elenco a possibilidade de encarar o termo em questão com a gama de significações contida na palavra "filósofo". Creio que no correr histórico das postagens o sentido desta proposta adquirirá força a ponto de ser compreendida, pois que interiorizada propriamente.